quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Preso no Grand Canyon

04/09/2013 20:59h

Tudo pronto para ir em direção ao Grand Canyon. O mapa informa que serão 1400 milhas que convertidas, serão 2240 km. Grand Canyon, vamos lá!
A temperatura por volta de trinta graus, estava agradável para viajar. O sol constante e a paisagem muito bonita ajudaram a esquecer a grande distancia a ser vencida. A estrada e muito boa, com sinalização excelente e sem remendos no asfalto. Nas Highway’s o limite de velocidade varia de 50 a 75 milhas por hora (80 a 120 Km/h). Na maior parte a velocidade e de 75 milhas onde velocidades abaixo deste limite são em locais em obras, proximidade de cruzamentos e em locais onde a estrada passa por cidades. O velocímetro de minha moto não marca em milhas e sendo assim, este foi mais um motivo para eu manter uma velocidade sempre abaixo do limite, pois eu não queria ser parado pela policia no acostamento da estrada para ser multado.


Parada para descanso 
Arizona - próxima à fronteira com o Texas

Como ai no Brasil, a quantidade de caminhões e grande, mas aqui, e maior ainda, porem, pelo fato de conhecer o sistema e as condições das nossas estradas, e possível ultrapassar os caminhões, mas na minha situação aqui, ficou difícil ultrapassa-los. Eu nunca fui tanto ultrapassado por caminhões como fui aqui. As estradas são quase retas, onde as curvas são de grande raio e permitem faze-las sem a necessidade de reduzir a velocidade e desta forma, os caminhoneiros acionam o acelerador automático e um abraço mano. Saia da frente que os caras andam com estes monstros a 120 km/h sem esforço algum.

Eu podia ultrapassa-los, mas teria que ir além do limite de velocidade da estrada e ai, eu poderia encontrar um policial que dificilmente você o vê e ser multado.
Em certo momento, após estar cansado de ser ultrapassado pelos monstros, resolvi acelerar... e neste momento, um carro me ultrapassou quando eu ainda estava na pista da direita iniciando a aceleração. Eu não o tinha visto e tomei um susto, pois eu estava olhando para a frente tentando ver se havia algum carro da policia adiante e quando este terminou de passar por mim, eu vi o carro da polícia parado no canteiro central da rodovia.


                                                                   Uma parada para revisão e troca de pneus

No momento em que eu resolvi dar uma aceleradinha, apareceu a polícia... Não demorou muito, olhei pelo retrovisor e vi um monte de luzes piscando, faróis acesos vindo em alta velocidade. Bem, agora acho que a vaca foi pro brejo. Me preparei para estacionar no acostamento e imaginar o que falar. Eu sabia que não tem argumentação com a polícia daqui e comecei a desacelerar e me preparar. Ele passou por mim acelerando em direção ao carro que havia me ultrapassado lá atrás. Ufa!!! Essa passou perto. Que alivio. Depois dessa, mantive a minha estratégia de manter uma velocidade um pouco abaixo dos demais veículos.


Após rodar uns quatrocentos quilômetros, vi uma placa informando que adiante havia uma área de descanso e resolvi dar uma paradinha para apreciar a paisagem e esticar as pernas. A área de descanso daqui tem banheiros exemplarmente limpos e com ar condicionado. Com o calor lá de fora, não dá vontade de sair de dentro do banheiro... No hall de entrada, você tem a sua disposição, mapas, maquinas automáticas de refrigerantes, salgados e mesas e bancos cobertos espalhados por uma área verde muito bem cuidada.


Retornei para a estrada e após alguns minutos rodando, mais um cara estava sendo multado. Até chegar ao Grand Canyon ví muito a mesma cena. Durante o percurso, ví muitas placas informando pontos históricos e depois de passar por muitos sem parar, resolvi visitar um. Oito milhas adentro, estava um forte construído em 1860 o qual na época sofreu vários ataques de índios. Tratava-se do Fort Lancaster. Ao chegar no estacionamento, haviam apenas dois veículos estacionados. Um era uma picape Ford e o outro... um VW Gol GIII. Encontrei um Gol no meio do deserto do Texas. Este era o carro que eu jamais pensei que iria encontrar neste local. Me deu um certo ar de satisfação, pois, ali estava um veículo no qual eu ajudei a construir.

Gol no Texas


Visitei as ruínas, mas não fui a pé não. A estrutura do local disponibiliza um veículo elétrico para que você não morra de tanto andar sob o calor de trinta graus. Ah... você mesmo dirige. Acho que acabei gostando mais de pilotar o carrinho elétrico. Todas a ruínas estavam muito bem identificadas em uma placa com um pequeno resumo do que se tratava. Gostei de ver um esqueleto de uma diligencia original da época.


Ruinas do Fort Lancaster
O esqueleto de uma diligência de 1860


Esta parada me tomou uma hora e meia e se eu parasse em todos os pontos turísticos e históricos que aparecem pelas estradas afora, certamente eu ainda estaria a caminho do Grand Canyon. Decidi não mais parar, mas não teve jeito. Quando vi a placa informando que adiante estava a saída para a cratera que um meteoro fez quando caiu ali a milhões de anos atrás, não resisti.







Cratera do Meteoro - Arizona




Um dia após, cheguei ao Grand Canyon. O tempo não estava ajudando muito. Muitas nuvens querendo fechar o tempo, mas, com ou sem nuvens, vamos lá.


Não vou falar da infraestrutura do local, apenas que e padrão de primeiro mundo. Bem, o buraco e grande! Muito grande. As fotos falam...


Após andar por algumas horas, resolvi iniciar o caminho de volta pois, o tempo já estava curto e para ir até Milwaukee eu não podia permanecer por mais tempo ali. O tempo fechou e a chuva começou. Ao sair do Parque, vi adiante um hotelzinho acolhedor, os relâmpagos, a chuva fria e intensa, acabaram me prendendo no no Grand Canyon.


Em direção ao Grand Canyon por um dos pequenos trechos da Rota 66


Hotelzinho no Grand Canyon

Grand Canyon - Rio Colorado ao fundo, bem ao fundo.....



Estação do trem no Grand Canyon 
 





domingo, 1 de setembro de 2013

O reencontro


Publicados• 1 de set. de 2013

Após oito meses verei minha moto novamente. A expectativa é grande e será que tudo estará bem? Será que o motor funcionará bem? A bateria ainda terá carga suficiente para suportar a partida? Enquanto eu não a ver, estas dúvidas estarão presentes.



Ligando a parte elétrica



Hoje é domingo e somente amanhã eu irei ao Storage para buscá-la. Cheguei ao hotel na cidade de Brownsville as 11:30h e apesar de ter feito a reserva e de haver quartos disponíveis, o atendente não liberou o quarto pois a diária iniciava as 15:00h, sendo assim, chamei um taxi e fui até uma loja para comprar um tablet e aproveitar para almoçar. 
A temperatura estava acima de trinta graus com muito sol. Felizmente o ar condicionado da loja quebrou um galho. Ao sair da loja a fome era grande e ao lado havia um estabelecimento parecido com um restaurante e não pensei duas vezes, entrei. No hall da entrada havia uma atendente que me perguntou se eu estava acompanhado de crianças...eu olhei para dentro e percebi que o local era um tipo de play ground com muitas máquinas de jogos eletrônicos. Pedi desculpas e disse a ela que estava procurando um restaurante e ela me perguntou que tipo de comida eu queria. Disse a ela que naquele momento eu não tinha preferencia então ela disse que no balcão eles serviam pizza, saladas, frango...já que eu estava lá, resolvi pedir uma pizza. Ao pagar, a atendente, me deu o troco em notas e uma parte em moedas. Mais moedas...pensei... bem eu vou usa-las para por gasolina na moto. A pizza tamanho pequena aqui e quase do tamanho de uma pizza grande ai no Brasil e acompanhando, vieram cinco asinhas de frango. Comecei a comer e apesar da fome, não consegui dar conta de tudo. Cheio de pizza e asas de frango, fui para o hotel descansar e me preparar para o dia seguinte.

Finalmente segunda feira. Fui para o Storage logo cedo e preparado psicologicamente para enfrentar todos os tipos de problemas que por ventura viessem aparecer. Ao chegar em frente à porta do box, notei que o cadeado apesar de ser de aço inox, estava um pouco oxidado e imaginei que as dificuldades iriam começar logo no início. Felizmente eu estava enganado, ao colocar a chave e girar, o cadeado abriu facilmente. Bem, lá estava ela com a capa toda empoeirada. Tudo estava exatamente como eu havia deixado, menos o pneu traseiro que estava totalmente vazio. O calor era forte e dentro do box estava insuportável. Eu precisava montar os fusíveis, ligar a bateria e arrumar todas as coisas que estavam fora dos alforjes e deixar tudo pronto para ligar o motor. Como eu não conhecia qual era o procedimento para comprar combustível a granel, resolvi primeiramente ver se além do combustível, eu iria precisar de mais alguma coisa, talvez levar a bateria para carregar e etc., sendo assim, decidi checar a bateria ligando o mini compressor de ar para encher o pneu.

Para minha surpresa, a bateria ainda tinha carga. Durante sete minutos, o compressor ficou ligado para encher o pneu, e a bateria ficou firme. Bem, agora restava saber se ainda haveria carga para dar a partida. Agora eu já podia movimentar a moto e coloca-la fora do box onde a temperatura estava um pouco mais baixa e assim, prepara-la para a estrada.

Após meia hora, estava tudo pronto e só faltava o combustível. Fui ao escritório do Storage e pedi para chamar um táxi e também descobrir como fazer para comprar combustível a granel. O táxi rapidamente chegou e primeiramente fiz amizade com o taxista que gentilmente me ajudou a comprar o combustível.

Na lateral do táxi havia uma propaganda de uma empresa de seguros para veículos e motos. Perguntei ao taxista se aquela empresa fazia seguro para moto brasileira e ele se prontificou a entrar em contato com a seguradora. A princípio a atendente confirmou que sim e então nos dirigimos para o escritório. Cheio de esperanças para finalmente conseguir o seguro para a moto, cheguei ao escritório que após alguns minutos, minhas esperanças foram por água abaixo. Eu tinha que ter um endereço residencial nos Estados Unidos ou no México. 
Continuei tentando e após ter passado por três  seguradoras finalmente consegui o seguro. A atendente deu um jeitinho e fez o seguro. 
Agora eu continuarei a viagem tranquilo pois, consegui cumprir o que o oficial da fronteira Americana havia me orientado.

Voltando ao Storage, coloquei o combustível na moto e tudo ficou pronto para dar a partida do motor...

Bem... vamos lá! Acionei a partida. Pegou na primeira!!! Uma leve rateadinha quase imperceptível e o motor funcionou redondo. Tudo em ordem após oito meses parada. Definitivamente, não posso reclamar de nada desta Harley.

Me dirigi ao posto para completar o tanque e utilizar as moedas que eu havia recebido de troco no restaurante. 
Entreguei as moedas para a atendente do caixa que começou a rir...???
Imaginem uma atendente falando em inglês texano e rindo ao mesmo tempo... Sem rir já e difícil entender!
Eu logo me liguei... moedas + atendente rindo = não moedas. As tais moedas que recebi no restaurante Play Ground, nada mais eram que fichas das máquinas de jogos eletrônicos infantis! E com a agravante, nelas haviam a estampa de um ratinho orelhudo igual ao Mickey. Literalmente ... um mico.






No estacionamento do storage